8M chegando e o óbvio volta a tona. As lutas sociais seguem um ritmo muito semelhante as marés. Elas avançam. Em épocas propicias avançam muito mais que o normal invadindo áreas antes secas e intocadas. Porém o ciclo contrário ainda existe e às vezes a maré recua. Recua muito mais do que qualquer pessoa seria capaz de imaginar. E por incrível que pareça acredito que estamos vivendo um momento de retrocessos nos direitos das mulheres. Nem diria institucionalmente, mas na vida civil mesmo. Aqui em Santa Catarina por exemplo, semana passada uma vereadora sugeriu dar a medalha Antonieta de Barros para uma mulher que é antifeminista, bolsonarista e assediadora de professores. Não vou citar o nome da criatura que é pra não dar palanque pra doida.
Por aí a gente já vê o tamanho da ré que a sociedade está levando. Começo por esse fato que é pra gente ter noção da várzea em que estamos no metendo. Paralelo a isso o Coach do Campari viralizou nas redes de tal forma que todo mundo está pesquisando o que é redpill. Então vamos lá enfiar o dedo na ferida. Basicamente os redpills são um bando de virjão que moram com os pais e não sabem se relacionar com as pessoas, que dirá com uma mulher. No meio desse bando de desajustados fazem sucesso os Coaches de Masculinidade. Caras que ensinam o caboclo a ser macho. Macho como antigamente, Grécia, Roma, França, etc.
Se olhar direitinho as promessas, dos coaches, não são muito diferentes daquelas feitas pelos pastores evangélicos que professam a teologia da prosperidade. Olha, se você fizer isso, isso e isso deus irá abençoa-lo com riquezas materiais, uma boa mulher e uma família. No fundo temos uma forma de culto pra atender um nicho especifico. O nicho dos virjões com baixas habilidades de socialização. Normalmente um cara que se encontra perdido na sociedade e busca desesperadamente um guia que lhe explique o mundo e dê sentido para a sua existência. Por coincidência o Coach do Campari tomou um toco de uma mulher com mais de 50 anos, com dois filhos adultos e que ainda por cima é feminista. Será daí que vem o seu trauma com mulheres? Pois foi depois desse evento que o mesmo decidiu virar adestrador de virjão, propagando o discurso que só as mulheres abaixo de 30 anos, sem filhos e não feministas valeriam a pena. “Ei Freud! Corre aqui dá uma olhada nisso.” Com um discurso de meritocracia e baseado numa visão libertária (leia-se extrema direita) os redpill são seguidores do culto de masculinidade tóxica que começa em merdas como Calvo do Campari e acaba em nazifascistas perpetrando massacres em escolas.
O que mais me intriga nessa coisa toda é ver jovens embarcando nessa furada. Homens de meia idade ou mesmo mais velhos foram pegos entre a criação machista da sua infância e um mundo mais feminista na sua fase adulta. Examinando a partir desse ponto de vista até entendo o desconforto de alguns homens e o seu desejo de retorno a um mundo mais simples e que a ordem social era estratificada e dominada pelos machos. Em oposição não consigo digerir jovens pedindo o retorno do machismo, chorando pela suposta ditadura ginocêntrica do mundo e outras presepadas mais.
Enfim, em pleno século XXI temos um movimento de homens ressentidos com as mulheres porque não sabem lidar com seres humanos racionais, dotados de volição e liberdade. E agora além de lidar com a busca por avanços na sociedade as mulheres ainda tem que lidar com a tranqueira que é trazida pela maré do retrocesso. E pra nós homens cabe a tarefa de melhorarmos como seres humanos e caso você conheça algum virjão, por favor, indique a ele um bom psicólogo para que ele possa trabalhar suas habilidades sociais e tratar as suas inseguranças. E nesse 8M a perspectiva é mais luta do que comemoração.
março 8, 2023 at 00:05
É como diz o jargão: “A luta continua, companheiro!”
Acredito que as coisas estão mudando, sim. A prova disso é o carinha do Campari aí, que precisa se firmar numa espécie de coach redpill porque percebeu que mulher há muito deixou de ser otária e tem batido lindamente de frente com a misoginia. Eu o chamaria de idiota mesmo.
O que rola, creio, não é um retrocesso em relação a direitos femininos, mas a efetivação da idiotização masculina, num questionamento do tipo: “Opa, eu não mando mais no mundo mesmo? Existe algo além do meu umbigo? Ué, mulher tem direitos?”
Acredito que o que falta, de verdade, é um amigo para avisar…
E quanto à medalha oferecida lá…bom, estamos falando de sul, né, meu caro?! Dá uma subidinha aqui pro norte e nordeste pra ver se a cinta não canta.
Sigamos!
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março 8, 2023 at 10:41
Concordo contigo que por enquanto os direitos femininos ainda não estão regredindo, pelo menos no Brasil. E com certeza as pessoas perderam a vergonha de serem idiotas e preconceituosas. Vai levar um tempo até conseguirmos empurrar todos eles pra dentro da caverna de novo.
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