8M chegando e o óbvio volta a tona. As lutas sociais seguem um ritmo muito semelhante as marés. Elas avançam. Em épocas propicias avançam muito mais que o normal invadindo áreas antes secas e intocadas. Porém o ciclo contrário ainda existe e às vezes a maré recua. Recua muito mais do que qualquer pessoa seria capaz de imaginar. E por incrível que pareça acredito que estamos vivendo um momento de retrocessos nos direitos das mulheres. Nem diria institucionalmente, mas na vida civil mesmo. Aqui em Santa Catarina por exemplo, semana passada uma vereadora sugeriu dar a medalha Antonieta de Barros para uma mulher que é antifeminista, bolsonarista e assediadora de professores. Não vou citar o nome da criatura que é pra não dar palanque pra doida.

Antonieta de Barros (Florianópolis11 de julho de 1901 — Florianópolis, 28 de março de 1952) foi uma jornalistaprofessora e política brasileira.[1][2][3] Foi uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil e a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular,[4][5][6] tendo sido pioneira e inspiração para o movimento negro, apesar de um grande apagamento de sua história, que vem sendo retomada aos poucos.[7]
Tendo contribuído no parlamento, na imprensa e no magistério, foi uma ativa defensora da emancipação feminina, de uma educação de qualidade para todos e pelo reconhecimento da cultura negra, em especial no Sul do Brasil.[4][8]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Antonieta_de_Barros

Por aí a gente já vê o tamanho da ré que a sociedade está levando. Começo por esse fato que é pra gente ter noção da várzea em que estamos no metendo. Paralelo a isso o Coach do Campari viralizou nas redes de tal forma que todo mundo está pesquisando o que é redpill. Então vamos lá enfiar o dedo na ferida. Basicamente os redpills são um bando de virjão que moram com os pais e não sabem se relacionar com as pessoas, que dirá com uma mulher. No meio desse bando de desajustados fazem sucesso os Coaches de Masculinidade. Caras que ensinam o caboclo a ser macho. Macho como antigamente, Grécia, Roma, França, etc.

👉 Como assim?
Digamos que você encara a realidade de que, se tornando um homem Dominante, tudo na sua vida fica mais fácil de ser conquistado.
Relacionamentos saudáveis, negócios, dinheiro, hábitos saudáveis, mulheres de alto valor e etc.
Ou seja, você toma a Red Pill e entende que isso não é sorte, e sim que SÓ DEPENDE DE VOCÊ.
Mas não basta apenas saber disso.

https://oimperialista.com.br/mentalidade-blue-pill-red-pill/

Se olhar direitinho as promessas, dos coaches, não são muito diferentes daquelas feitas pelos pastores evangélicos que professam a teologia da prosperidade. Olha, se você fizer isso, isso e isso deus irá abençoa-lo com riquezas materiais, uma boa mulher e uma família. No fundo temos uma forma de culto pra atender um nicho especifico. O nicho dos virjões com baixas habilidades de socialização. Normalmente um cara que se encontra perdido na sociedade e busca desesperadamente um guia que lhe explique o mundo e dê sentido para a sua existência. Por coincidência o Coach do Campari tomou um toco de uma mulher com mais de 50 anos, com dois filhos adultos e que ainda por cima é feminista. Será daí que vem o seu trauma com mulheres? Pois foi depois desse evento que o mesmo decidiu virar adestrador de virjão, propagando o discurso que só as mulheres abaixo de 30 anos, sem filhos e não feministas valeriam a pena. “Ei Freud! Corre aqui dá uma olhada nisso.” Com um discurso de meritocracia e baseado numa visão libertária (leia-se extrema direita) os redpill são seguidores do culto de masculinidade tóxica que começa em merdas como Calvo do Campari e acaba em nazifascistas perpetrando massacres em escolas.

O que mais me intriga nessa coisa toda é ver jovens embarcando nessa furada. Homens de meia idade ou mesmo mais velhos foram pegos entre a criação machista da sua infância e um mundo mais feminista na sua fase adulta. Examinando a partir desse ponto de vista até entendo o desconforto de alguns homens e o seu desejo de retorno a um mundo mais simples e que a ordem social era estratificada e dominada pelos machos. Em oposição não consigo digerir jovens pedindo o retorno do machismo, chorando pela suposta ditadura ginocêntrica do mundo e outras presepadas mais.

Enfim, em pleno século XXI temos um movimento de homens ressentidos com as mulheres porque não sabem lidar com seres humanos racionais, dotados de volição e liberdade. E agora além de lidar com a busca por avanços na sociedade as mulheres ainda tem que lidar com a tranqueira que é trazida pela maré do retrocesso. E pra nós homens cabe a tarefa de melhorarmos como seres humanos e caso você conheça algum virjão, por favor, indique a ele um bom psicólogo para que ele possa trabalhar suas habilidades sociais e tratar as suas inseguranças. E nesse 8M a perspectiva é mais luta do que comemoração.