A arte ou a obra de arte podem ser muitas coisas, mas também podem ser nenhuma. Isso tudo vai depender do teórico que você ler, do filósofo que encontrar na prateleira, do seu professor, da sua família, da sua cidade… Vai depender de muitos fatores…

Pequeno Baco Doente, Caravaggio, 1593.

A arte ou o objeto de arte podem ser uma pintura que apenas foi executada com pincel, mas também a moldura quebrada ou vazia ou aparentemente vazia, algo que saiu do uso comum, ou um mictório provocativo, podem ser o corpo do artista, mas também a sua ausência. Arte pode ser o belo, o sublime, o feio, o provocativo. A arte pode chamá-lo a refletir, apontar para um discurso, ou para discurso nenhum… É difícil conceituar de uma forma exaustiva. A gente pega aqui e o conceito escorre ali.

Dito isso, o mais importante agora é apontar algumas razões pelas quais eu julgo muito importante estudar História da Arte.

História da Arte

A História da Arte não se limita a estudar apenas a o progresso da competência e capacidade técnicas, o recorte estético, recorte temporal… Ela trilha o seu caminho, a partir do pano de fundo histórico, pela trajetória das ideias, concepções, visões de mundo e transformações que são impulsionadas por fatores sociais, econômicos, políticos, filosóficos etc.

A arte exerceu, em momentos distintos, funções diferentes, como manifestações mágico-religiosa (Pré-História); de imitação; política, de glorificação, meramente estética etc. Em cada período, o homem, em sua necessidade de manifestar-se, impulsionado pelas suas ideias sobre as transformações que o permeavam, expôs-se e continua se expondo ao mundo. Transcendendo seus ideais, suas lutas, suas mensagens.

Arte não é sinônimo de pedantismo

Sabe aquela coisa de parecer esnobe por que a pessoa fala de arte? Não é desculpa para não aprender sobre isso. Todas as profissões têm os seus jargões e gente esnobe no contexto. Arte é democracia, é acesso. Se não for assim, foge da sua natureza. Há muito elitismo, sim, porém, há muitos movimentos acontecendo o tempo todo. Pode ser aí, na sua vizinhança, enquanto você está pensando na Monalisa influenciado por aquela pitada de eurocentrismo.

Conhecer os rudimentos da História da Arte vai fazer você entender as transformações imagéticas, sociais, tendências, tanto da Monalisa, quando do artista que fez um grafite no ponto de ônibus da sua cidade. Você vai entender sua cidade e conhecer mais a respeito disso, diminui o elitismo; ser multiplicador dessas informações promove democracia, por meio do diálogo.

Você conhece o Profeta Gentileza?

Mas, afinal, picho (ou pixo) é arte?

Arte é autoconhecimento

Estudar sobre arte propicia uma viagem de autoconhecimento que não fica restrita apenas ao seu interior, além disso, a arte pode ser sentida como uma vivência coletiva no presente e ao longo do tempo. Estudando, verá que lá no Paleolítico Superior, cerca de 30.000 a 18.000 anos a.C, seu antepassado esculpiu a Vênus de Willendorf, com um propósito entre místico e de imitação, porque queria exprimir algo que, talvez, não tivesse recursos para explicar e que, no entanto, era fruto da sua observação sobre si, sobre o outro e sobre os fenômenos do mundo.

Vênus de Willendorf ou
Mulher de Willendorf, entre 24 000 e 22 000 a.C. Atulamente, exposta no Museu de História Natural de Viena.

Ou viajar no tempo e ver Homem Caminhando I, de Alberto Giacometti, 1960, e perceber que a mesma figura humana parece reflexiva sobre seus destinos na terra.

Ou, ainda, pelo simples prazer da fofoca (e, pasme, a fofoca é um fator de coesão social), a fim de saber que Picasso organizou um grande jantar em sua casa, chamou vários artistas da época e encomendara o banquete apenas para o dia seguinte?

Autorretrato de Giorgio Vasari, 1511-1574.

Você se espantaria em saber que Rembrandt era o rei da selfie? Ou que Leonardo Da Vinci e Michelangelo tinham várias picuinhas? Hilárias, inclusive.

Então, não somos todos nós momentos distintos?

Arte é sobrevivência (e resistência) e diálogo com a realidade histórico-social

Apenas por um instante você já pensou o que seria a sua vida nesta pandemia sem arte? E já pensou o quanto de recursos o mercado da arte movimenta, direta e indiretamente, no nosso país? Como existe uma cadeia de profissionais especializados em vários setores para você assistir àquele filme ou ao show ou comprar aquele livro que tem uma capa interessante?

Você fica triste quando acabam com a arte na sua cidade? Ou fica intrigado? Você acredita no seu conceito de arte? Qual o tamanho do seu repertório?

O que é arte para você?

Pesquise sobre as obras da postagem: histórias interessantíssimas (e algumas fofocas também). ❤

Para você gostar de (amar) História da Arte:

FARTHING, S. Tudo sobre Arte. [tradução de Paulo Polzonoff Jr. et al.] – Rio de Janeiro: Sextante, 2011. 576 p.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16a ed. Rio de Janeiro/RJ: LTC, 2015. 688 p.

GOMPERTZ, W. Isso é arte?:150 anos de arte moderna do impressionismo até hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. 443 p.

Wikiart – Enciclopédia de Artes Visuais